por Renato Souza
Quando andamos pelas grandes cidades para todos
os lugares que olhamos é possível avista-los, os ‘moradores de rua’.
Muitos olham com certo nojo, asco, um repúdio daquilo que não conhece. Outros,
mais solidários, conseguem desenvolver compaixão por aquelas pessoas. Sim, eles
são seres humanos e cidadões comuns como todos os outros. Apenas parte dessas
pessoas utiliza algum tipo de serviço, público ou privado, como albergues,
Casas de Convivência ou “sopões”. Pernoitam em praças, avenidas, ruelas,
casarões abandonados, postos de gasolina, cemitérios, carrinhos de “catação” de
papelão, sob pontes e viadutos, veículos abandonados e outras formas
improvisadas de dormida.
De acordo com a Pesquisa Nacional sobre População
em Situação de Rua, realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS),
de agosto de 2007 a março de 2008, foram identificadas em Natal 223 pessoas em
situação de rua. Segundo o levantamento, 83% do sexo masculino e 17% do
sexo feminino. Mais da metade, 55%, é considerada adulta com faixa etária entre
25 e 44 anos, analfabetas ou semi-analfabetas. Em geral, estas pessoas trazem
históricos de dependência química, conflitos familiares ou mesmo doença mental.
Alguns estão desde a infância nas ruas.
A Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência
Social (Semtas) firmou Termo de Cooperação Técnica com a Faculdade de Ciências,
Cultura e Extensão do Rio Grande do Norte (Facex) para realização de um novo
mapeamento dos moradores de rua da cidade do Natal. De acordo com Verônica
Dantas, assistente social e coordenadora-geral do Departamento de
Proteção e Ação Social Especial, o mapeamento da população de rua será
realizado nas quatro regiões administrativas da cidade, principalmente nos pontos
de maior circulação. Entretanto, não há como especificar um total, uma vez que
boa parte se caracteriza como andarilhos, que percorrem várias cidades com
permanências irregulares em cada uma delas. Ou ainda o movimento sazonal
percebido durante algumas épocas, como período natalino e verão, aproveitando o
sentimento de solidariedade e presença maior de turistas na cidade.
Em busca de emprego
Eliane em sua humilde moradia. (Foto: Renato Souza/Fotec) |
Há cerca de três semanas a moradora de rua Eliane
dos Santos Lopes, 27, montou moradia nas redondezas da rua General Felizardo
Brito. Grávida de seis meses Eliane conta que há um ano chegou a Natal com a
intenção de conseguir um emprego. Desempregada e sozinha teve que ir morar nas
ruas. Eliane é natural de Serra Talhada, Pernambuco, mas morava com a mãe em
Boa Ventura, Paraíba, ondem toda a família trabalha na “roça”. Eliane, que
cursou até a terceira série do ensino médio, é mãe de mais dois filhos que
moram com a sua mãe. Eliana mora em uma casa de papelão que ela construí, dorme
em um pedaço de colchão que encontrou no lixo, para sobreviver passa o dia
catando latinhas de refrigerante e garrafas PETs e faz faxina na casa de uma
moradora do condomínio Parque das Dunas, localizado em frente de onde ela está
morando. Ela cozinha sua comida a lenha e faz sua higiene pessoal com a água
que consegue no condomínio. Quando questionada sobre seu maior desejo ela diz
que é “voltar para casa”.
Visto em: http://www.fotec.ufrn.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1365:natal-e-seus-moradores-de-rua&catid=7:fotojorn&Itemid=34
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